A Luta do Povo Catalão
pela sua Independência
Arnaldo Matos
Esta manhã, a polícia espanhola, armada
até aos dentes, desembarcou no porto de Barcelona em navios de assalto, tomou
várias dependências do governo catalão – a Generalitat – prendeu
o secretário-geral das finanças Josep Maria Jové, na realidade o nº 2 do ministério,
e mais uma quinzena de pessoas, tudo altos quadros e dirigentes governamentais,
nomeadamente Josep Luis Salvadó, secretário daquele ministério, Josué Sallent
Rivas, responsável pelo Centro de Telecomunicações e Tecnologias de Informação,
e Xavier Luiz Farré, do Gabinete dos Assuntos Sociais.
O presidente do Governo Regional da
Catalunha, Carlos Puigdemont, acusou de pronto o governo espanhol de “suspender
de facto a autonomia da Catalunha” e de “aplicar o estado de
excepção”, do mesmo passo que apelou aos catalães para “responderem com
firmeza e serenidade”.
Utilizando um grande e aparatoso
dispositivo de combate, a Guarda Civil assaltou, ainda esta manhã, a sede do
Departamento de Assuntos Exteriores, que funciona na residência oficial do
presidente da região autónoma da Catalunha.
A Guarda Civil assaltou igualmente o
Departamento de Trabalho e Assuntos Sociais e a residência particular de Joan
Ignasi Sanchez, do Departamento de Governação. Estão atracadas no porto de
Barcelona duas das embarcações militares que participaram no assalto e se
destinam agora a alojar os agentes da Guarda Civil que tomaram de assalto as
instalações do governo autonómico e prenderam os dirigentes indicados.
Estes assaltos e prisões promovidos pelos
fascistas espanhóis provocaram imediatamente fortes concentrações de protesto
do povo catalão e de outros cidadãos, nomeadamente estrangeiros, nos locais das
operações policiais, sobretudo junto dos departamentos de Economia e do
Trabalho.
E de imediato também, milhares de trabalhadores
e outros cidadãos começaram a concentrar as suas forças de protesto nas Ramblas
e na Praça das Glórias Catalãs, em Barcelona.
Ao começo da tarde havia concentrações de
patriotas catalães por toda a Catalunha: de Girona a Terragona, de Lérida às
terras de Ebro, e concentração de espanhóis em apoio da Catalunha até nas
Portas do Sol, em Madrid…
O governo colonial-fascista de Rajoy pretende
pela ocupação militar e policial submeter a Catalunha e o povo catalão à
exploração e opressão do capitalismo espanhol. E, no caso, é apoiado pelos
partidos de direita, incluindo o partido social-monarco-fascista, o PSOE.
Hoje mesmo ainda, o governo fascista de
Rajoy ameaçou prender os cerca de setecentos autarcas catalães, que corajosa e
patrioticamente oferecerem as instalações municipais sob seu governo para a
realização do referendo convocado pelo parlamento autonómico para o dia 1 de
Outubro próximo.
O conflito entre Madrid e a Catalunha dura
há mais de trezentos anos. O dia nacional da Catalunha – a Diada –
celebra-se às 17H14 minutos do dia 11 de Setembro, em invocação do dia, hora e
minuto exactos em que as forças armadas do povo catalão caíram em Barcelona, em
1714, fez agora trezentos e quatro anos, perante as tropas do rei castelhano
Filipe V.
A Catalunha é a Região mais rica de
Espanha, com um produto interno bruto bastante superior ao de Portugal, muito
embora tenha apenas sete milhões e meio de habitantes e a sua superfície seja
inferior a um terço da área do nosso país.
Pois esta região, que é obrigada a
alimentar o capitalismo espanhol e o seu sistema de exploração e opressão
imperialistas, é precisamente aquela a quem o governo de Rajoy cortou ontem o
dinheiro necessário para que os catalães possam gerir o seu orçamento
autonómico e que, no assalto da guarda civil desta manhã ao governo catalão,
tenha precisamente visado atacar, antes de tudo e sobretudo, os departamentos
da economia e do trabalho…
É longa, muito longa, a profunda amizade
que liga o povo português ao povo irmão da Catalunha. Essa amizade vai a
caminho de quatro séculos, pois nasceu, manteve-se e reforçou-se no ano em que
os portugueses perderam a sua independência para os espanhóis, em 1580. A luta
conjunta pela independência de cada um dos dois países – Portugal e Catalunha –
do domínio espanhol tornou possível a recuperação da nossa independência, em
1640, assim como irá tornar possível a independência catalã, mais dia menos
dia.
Cumpre-nos pois denunciar o assalto
policial desencadeado pelo governo fascista de Rajoy na manhã de hoje em
Barcelona aos departamentos governamentais autonómicos da Catalunha, e condenar
a opressão sofrida pelos catalães e as prisões dos seus dirigentes, por ordem
do governo neo-colonial e fascista de Mariano Rajoy em Madrid.
E, para mais, exijamos o respeito pelo
direito que tem o povo catalão de realizar o seu referendo e decidir da sua
independência em relação à Espanha.
Independentza, como Portugal!
20Set17
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